Sobre Marco Menezes

Trabalho, basicamente, com Tarot, Reiki, Numerologia e Astrologia. Sou formado em Farmácia pela UFRJ e lido com óleos essenciais, participei de workshops de florais com os principais co-criadores. Atualmente atendo somente online: via WhatsApp, Telegram ou Skype. Se deseja atendimento comigo entre em contato usando o e-mail: marcomenezesbrrj1@gmail.com .Este blog é apenas uma maneira de ver o mundo que nos cerca, com todas as nuances que for possível vê-lo. Sinta-se à vontade, mas respeite o espaço! ;)
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23 janeiro 2011

Deus e sagrado


Quando alguém pergunta como deve ser Deus, fica difícil dar uma definição que seja capaz de retratar esta figura tão controversa de nossa cultura atual. Sejamos sinceros, os diversos matizes culturais e religiosos tornam esta tarefa árdua e um tanto perigosa.

Um dia, percebi que aquele Deus que habita o coração de cada pessoa tem sido responsável pela destruição de grande parte destas pessoas.

Quando as religiões cristãs e similares passam a tornar inquestionável a figura de Deus, elas acabam por inserir em cada pessoa noções tais como: de perigo, de limitação e de medo de algo que nem bem sabemos o que de fato é. Quando tais noções e outras mais começam a crescer em nosso interior e são passadas geração após geração, nós começamos a perceber quão reféns nos tornamos de uma imagem distorcida, que tampa nossos anseios e nossas liberdades, que impede o salto evolutivo de cada ser e que impede até mesmo a melhor percepção do que seja Deus.

É costume, de muitas pessoas, jogar nos ombros de Deus (se é que ele tem algum!) as responsabilidades pelos seus atos, como se assim pudessem seguir confortáveis e sem qualquer responsabilidade pela vida. Podemos matar, estuprar, roubar, amealhar, mentir, denegrir, seduzir, raptar e outros tantos verbos sem que nos sintamos realmente responsáveis por isto, pois acreditamos que nossas almas ou serão salvas ou não e que este julgamento cabe a Deus.

A irresponsabilidade levada a cabo e aos extremos torna-nos insensíveis a nós mesmos, a nossa própria divindade, viola o nosso direito de sermos capaz de experimentar sem medo, sem julgamentos, sem deformações auto-impostas. O que nos faz humanos é a nossa capacidade para experimentar e irmos além em função de cada experimentação. Nós somos o nosso próprio Deus e damos forma ao mundo em que vivemos e damos forma a todo o Universo, como mais um grupo de seres participantes deste mundo. É a isto que chamamos livre-arbítrio ou, pelo menos, é assim que eu entendo o significado desta palavra.

È possível que existam milhares de Universos por aí e neles deve haver milhares de formas criadoras, então, por que negarmos a nossa verdadeira essência: de que somos os criadores e que cada um de nós é uma centelha daquilo que anima este Universo e que temos o direito de expandir nossas consciências para além das limitações impostas pela sociedade e dos seus ferozes mecanismos de controle?

Costumo bater repetidamente na mesma tecla de que quando pudermos encarar o outro como sendo nós mesmos, independente do que o outro seja, nós começaremos a nos respeitar mais e começaremos a viver livres do controle nefasto daqueles que sempre acham que nós somos cordeiros e precisamos fazer o sacrifício que ninguém realmente tem coragem de fazer.

Talvez nunca nós saibamos qual é a verdadeira identidade de Deus, mas cabe a nós respeitar a centelha divina que cada um de nós é e criar um mundo mais aberto e mais consciente. É uma dádiva viver aqui e podermos experimentar tanto, não deveríamos deixar que a mesquinharia nos faça viver como se fôssemos apenas um amontoado de carne desgovernado e sem sentido que mata por nada e se mata por menos ainda.

Quando tentamos definir Deus, começamos a inserir um outro conceito, o conceito do que é sagrado. A conceituação do que torna algo sagrado faz-nos mais uma vez reféns de nossas próprias distorções. Sacralizar algo não é torná-lo inviolável, não é torná-lo intocável e não é torná-lo distante da nossa realidade. Sacralizar algo é torná-lo palpável, interessante, inquietante, parte integrante de nossa rotina diária, é torná-lo algo que a todo momento nos instiga a avançar e a nos superar. O que torna algo sagrado é apenas o fato de que ali nós aprendemos a definir nossos mais saudáveis limites em lugar de aceitar definições prévias. Quando consideramos, por exemplo, nossos corpos sagrados, aprendemos a considerá-lo uma extensão de nossa vida e assim definimos o que ou quem realmente nos nutrirá (onde nutrição é tudo aquilo que alimenta fisicamente, mentalmente, emocionalmente e espiritualmente).

Se nos consideramos sagrados, aprendemos a criar em torno de nós uma série de procedimentos que nos permitem viver no mundo de maneira mais confortável para nós e isto não é individualismo frio ou egoísmo ou egocentrismo, é apenas saber impor respeito com sabedoria, para que os outros também possam ter seus espaços respeitados e possam trocar experiências sem invadir o mundo do outro.

Acontece que nós criamos um mundo populoso e que tende a ser cada dia mais populoso e onde a individualidade é descartada facilmente em favor do aparente bem-estar dos outros. Nós confundimos lei da sobrevivência com respeito. Nós confundimos ausência de limites com adaptação e invasão. Nós quase não temos tempo para ouvir nossa voz interior/nossa intuição, como se fôssemos um rádio com superlotação de emissoras. As mensagens passam distorcidas, quebradas, sem sentido. O nosso Deus interior torna-se apenas uma arma para reagirmos ao outro, por vezes de maneira agressiva, com fundamentalismos, com rancores, ódios e ensandecimentos mil. O nosso espaço sagrado é apenas um território pequeno e mesquinho que nada produz e ameaça ser invadido pelos “sem-esperança”.

Se quisermos exercitar aquilo que seja Deus e aquilo que seja sagrado dentro de nós, precisamos ser muito fortes e determinados para fazer do mínimo tempo e espaço de que dispomos uma reprodução da nossa verdadeira identidade. Assim como para um dançarino não há como deixar de dançar/exercitar um dia que seja caso contrário as dores serão terríveis quando volta a se exercitar, nós devemos exercitar diariamente nossas posturas, estando abertos para viver cada momento como se fosse realmente mágico.

Ninguém disse que a tarefa é fácil, mas ninguém disse que era para vivermos sob a tutela dos outros, acreditando que eles possam ser os únicos a nos orientar. Temos nossos próprios instrumentos de orientação, que tal exercitá-los? Quem sabe assim descobrimos a verdadeira natureza do Criador, não é mesmo?

Inté, gente!

03 agosto 2010

In lak' ech

Outro dia eu estava no ônibus e tinha uma galera animada conversando lá nos fundos do ônibus. Eram todos jovens e no meio do papo, um rapaz diz que se o mundo não acabar em 2012, ele conseguirá sei lá o quê (claro que ele estava somente levando a coisa no bom humor).
Fiquei pensando nesta frase e fiquei pensando no número de pessoas que anda alimentando que 2012 será algo demoníaco ou destrutivo ou seja lá quão catastrófico queiram que seja.
Isto me lembrou um livro de Isaac Asimov que em português chamou-se "Escolha a sua catástrofe" ou algo assim. Neste livro ele relacionava possíveis catástrofes que poderiam afetar o nosso futuro, desde o nível macroscópico (eventos cósmicos, por exemplo) até o nível pessoal (poluição, etc).
Eu fico pensando mais: talvez existam pessoas que, ouvindo falar de 2012, devem estar parando a vida, largando tudo, desistindo, se matando, se desestabilizando, etc.
Uma mensagem mal passada pode ser terrível. Se você procurar neste blog, eu tenho algumas considerações e visões sobre 2012.
Mas aqui eu vou tentar me expressar mais pelo lado da sede que temos por um futuro aterrador. Nós temos uma estranha atração pela morbidez de nossa existência, podemos inventar dramas, doenças, tristezas, mortes, desesperos e desconfortos mil somente para alimentar nossa vontade de participar de um mundo mais complicado do que ele mesmo é.
Mas parece muito difícil para nós pararmos um pouco com a tirania da babaquice e colocarmos em andamento a criatividade, a solução, a renovação, o bem-estar.
Provavelmente você já deve ter lido aquela história que diz que se jornal só mostrasse notícia boa não venderia, mas bastou uma morte sensacional todo mundo fica apinhado em torno da foto sangrando ou dos palavrões acusatórios e o jornal fatura.
Quando vejo o ser humano discutindo o fim do mundo e falando horrores e coisas do tipo, eu me pergunto o que ele faria para melhorar as coisas ao redor. O que ele faria para as pessoas baixarem as guardas? O que ele faria para as pessoas serem menos preconceituosas? O que ele faria para as pessoas pararem de enganar a si mesmas assumindo comportamentos que não representam o que elas são? O que ele faria para evitar que os governos se omitam?
Não falo de grandes soluções, não falo de ações dignas de sair na primeira página de um grande jornal ou ganhar o Nobel. Eu estou falando daquele momento ali: família, vizinho, amigo, pessoa amada, filhos, parentes, etc. Eu estou falando sobre si mesmo.
O que você faria para melhorar a vida ao teu redor? Eis uma pergunta muito indecorosa, que se encaramos profundamente pode nos fazer corar ao pensarmos sobre nós mesmos.
Se nós não conseguimos olhar a nós mesmos e os nossos semelhantes de uma maneira mais direta, procurando soluções, como podemos temer o futuro? Sim, pois o futuro é escrito por nós mesmos e se temos medo dele, é porque temos medo de nós mesmos.
Dá para entender que enquanto não melhorarmos o que nós somos, nós não sairemos de uma roda? Dá para entender que se não temos coragem de aceitar nossos medos, nossas fraquezas, nossos verdadeiros anseios, não podemos esperar que o futuro seja melhor do que o presente ou do que o passado?
Havia um programa sobre Astronomia que passava na antiga TV Educativa do Rio de Janeiro (e acho que era produzido pela Cultura de São Paulo), onde o astrônomo discutia sobre a existência de vida extraterrena. Num dado momento ele se perguntava como será que os possíveis alienígenas seriam tratados por nós, pois se fomos capazes, ao longo de nossa curta história, de nos matarmos, imagine o que nós faríamos a quem provavelmente seria diferente de nós.
Se não aceitamos a nossa própria individualidade, como poderemos julgar a individualidade alheia? Se nós vivemos barganhando a nossa sobrevivência o que não faremos para tentar estar lá no futuro? Se nós ainda acreditamos que o dinheiro compra o nosso espaço junto a algo que nem conhecemos, como podemos ser considerados mais do que selvagens por possíveis visitantes extraterrenos? Se nós preferimos nos matar (e já matamos muitos milhões de nós mesmos ao longo da história), como podemos crer que um meteorito é mais catastrófico?
Deveríamos aprender a nos temer menos antes de temer o futuro. É um baita exercício, mas é a maneira que temos para levantarmos a nossa cabeça acima de tudo e acreditarmos que somos maiores do que o que nos querem fazer acreditar. Até lá, é possível que a cada fase de nossa evolução alguém nos faça crer que o mundo está para acabar e que está na hora de você se arrepender. Não se arrependa, simplesmente faça algo de bom por você mesmo, algo que fará você olhar o outro como sendo você mesmo numa outra versão e por isto deve ser respeitado: respeite o outro como deseja ser respeitado, lembra?!
"In lak' ech" é um termo maia que significa "eu sou um outro você". Talvez esta seja uma excelente chave para começarmos a remodelar o nosso futuro.
Inté!