Olhando a
minha vida, eu tenho certeza absoluta que eu possuia todos os ingredientes perfeitos
para ter uma péssima vida. Filho de pai gago trambiqueiro com mãe analfabeta. Apadrinhado
por uma família disfuncional (um marido que sumiu por anos no Norte do país,
uma mulher carente com mania de grandeza, um filho gay enrustido que me atacava
sexualmente durante a noite!). Nossa, nem as novelas mexicanas imaginariam pior
cenário!
Mas sabe de
uma coisa: eu não pirei! Eu não peguei numa arma e descontei em ninguém! Eu não
saí fumando, cheirando, bebendo e experimentando todas (embora houvesse a
suspeita do contrário, que naturalmente nunca se comprovou!)! Não saí fazendo
filho e esfolando mulheres e homens (mas todo mundo me chamava de garanhão,
embora nunca tivessem me visto com quer que seja!).
Quer saber?
Fui o cara mais sem graça que eu conheço: não quis saber de drogas e nem de dar
uma tragada num mero cigarro, nunca fiquei com alguém (tentei! Mas
tentei mesmo, e só fiquei com uma garota que foi um típico amor de verão com direito a beijo debaixo
dágua... mesmo sendo a água suja das praias da Ilha do Governador, mas isso é
só um detalhe sórdido!), mas estudei muito, passei muito bem em todas as
matérias desde que comecei a estudar até o terceiro ano do antigo segundo grau,
passei para a mais prestigiada faculdade federal do Rio de Janeiro (UFRJ ou
Fundão para os íntimos!), formei-me em Farmácia (tive muitos problemas durante
o curso, inclusive com minha família disfuncional, mas deixemos isto debaixo
dos tapetes persas!) e fui trabalhar na área de Homeopatia em Niterói e virei
referência na área de florais aqui do Rio (sem abrir a boca, diga-se de
passagem!). Analisando bem, até que houve momentos emocionantes!
Mas, toda
vida que se preza precisa de um pouco mais de pimenta, senão não é vida. Então
passei a questionar as atitudes das pessoas da minha família, passei a
questionar a minha sexualidade e passei a questionar as dietas. Com a família
eu me meti em brigas homéricas, onde eu sabia que estava com a razão e via
pessoas posando de santas sem ser (uma delas foi presa no flagra! Esta mesma
pessoa seria responsável pela minha saída de casa, para tristeza de minha mãe,
simplesmente porque roubava descaradamente o dinheiro que eu guardava para as
despesas da casa!). Minha sexualidade se firmou numa bissexualidade bem
informal (ou seja, não estou nem aí se ficar sozinho, pelo menos por enquanto!
Mas, as poucas pessoas que realmente me interessaram sabem exatamente com quem
está lidando, porque prefiro que saibam tudo de minha boca), ainda que eu não
tenha encontrado alguém que realmente possua algo que me seduza definitivamente
(quando as encontrei elas me esnobaram... sinal de que n eram o que eu queria!).
Minha dieta hoje é feita de tudo o que eu gosto e me dá prazer, mas também de
coisas que eu possa utilizar para me ajudar na cura corporal. Então, eu já fui
vegetariano (em todos os níveis) e cheguei a viver só de sucos. Muitas pessoas
que me conheceram nesta fase ainda se lembram assustadas de como eu era agitado
e capaz de dar conta dos recados, afinal eu trabalhava na farmácia que estava
em obra e tinha que subir e descer correndo três andares entre o balcão e o
laboratório (eu atendia, fazia os remédios, atendia telefone, falava com os
terapeutas e médicos, digitava no computador, ajudava na limpeza), além de dar
aulas de Calendário Maia (era eu quem fazia todas cópias necessárias para as
aulas de final de semana) e viajar para dar as mesmas aulas em outras cidades
daqui do Estado do Rio de Janeiro. E tudo isso era feito apenas com passas ou
sucos (dependendo do estágio da minha dieta em que me encontrava) no estômago.
Esta dieta foi boa, pois pude contatar até que ponto era positivo e até que
ponto era negativo certas dietas e passei a gostar de umas coisas que eu
detestava e a me afastar de certas coisas que eu amava. Hoje eu como carne sem
culpa (eu sempre digo que o problema não é comer carne ou vegetal, mas entender
que se produz muito e se despreza muito e se mata muita gente de fome por só
poucos se darem ao luxo de desprezarem isso ou aquilo só para satisfazerem seus
egos, afinal, se as pessoas produzissem o que comessem, haveria para todos e
ninguém ficava defendendo esta ou aquela dieta) e, também, como vegetais sem
culpa (afinal, eles morrem também e apodrecem também).
Quem
questiona uma vez resolve questionar sempre e eu questionei a minha permanência
na minha casa a partir do momento que eu soube que alguém roubava o dinheiro
que eu utilizaria para ajudar em casa e para as minhas despesas imediatas. Saí
e resolvi questionar minha continuação por trás do balcão da farmácia, pois
percebi que já não era suficiente apenas dar umas dicas para as pessoas que ali
pareciam, era preciso ir mais longe. Era preciso testar. Já estava chateado com
a maneira como a farmácia era conduzida e percebia que ali eu iria ser apenas
um cara que fazia as mesmas coisas todos os dias e quando você chega a esta
percepção é melhor mudar para não se ferir mais e não ferir os demais. O
próprio dono da farmácia e farmacêutico responsável chegou perto de mim e me
perguntou se eu queria continuar ou não e foi a deixa perfeita para eu sair.
Saí e quebrei a cara! Sim, foi difícil a transição de um trabalho com salário
certo para um trabalho onde o ganho só ocorre se houver alguém para pagar pelo seu
trabalho. A incerteza era a companheira perfeita e silenciosa de todos os dias.
E no início eu a vi como uma inimiga feroz que me deixou endividado e sem graça
perante os outros. No final das contas, com ajudas muito legais eu me levantei
e me tornei um cara para lá de famoso no Centro do Rio, afinal, era o cara que
cobrava R$10,00 por consulta com tarot, e no final do ano ainda fazia consultas
por apenas R$5,00. Encarei os meus altos e baixos nesta fase de minha vida,
morei em vários lugares, fui expulso de uns (sinceramente, nunca entendi
exatamente por qual motivo! Aliás, só uma vez fui realmente responsável!), mas continuei e continuo e muitas pessoas chegaram
para mim e disseram que eu estava no caminho errado. Se estive ou estou no
caminho errado, eu não sei, só sei que amo o que faço e, até onde me for possível
fazer o que faço, farei, mas se um dia eu tiver que mudar de atividade, não me
pouparei, afinal, com 47 anos na cara a gente pode até ter nossas rabugices,
mas já há sabedoria para entender que os pés precisam andar quando necessário.
Aliás tudo
o que sei na área de tarot, astrologia e numerologia eu aprendi sozinho e com
minha intuição. Eu sou uma pessoa que ao longo da vida foi aprendendo a se
olhar, a se perceber, a se modificar. Acredito que isto seja a essência da
vida: experimentar! Mas, é preciso estar aberto para experimentar, pois não é
fácil e muito menos fácil ainda é encarar as situações pronto para de repente
mudar tudo, até as opiniões. Eu não sei tudo sobre mim e sei que ainda há
resistências dentro de mim, mas até aquele lugar onde a vida nos entrega para a
morte, eu estarei aí, vagando e comemorando minhas pequenas vitórias. Às vezes
vale mais uma vida cheia de vitórias, do que uma vida vitoriosa (ok! Você sabe
qual a diferença entre uma e outra?! Experimente, então!).
Aí! Dedico
estas palavras ao Criador: ele nunca contestou meus erros e acertos, nunca me
elegeu como o seu escolhido, mas proporcionou o Universo para que eu me divertisse
nele como eu bem quisesse. Já não está de bom tamanho?!
PS: na verdade, neste ano de 2012, o meu aniversário começará no dia 06 de agosto!
PS: na verdade, neste ano de 2012, o meu aniversário começará no dia 06 de agosto!