Sobre Marco Menezes

Trabalho, basicamente, com Tarot, Reiki, Numerologia e Astrologia. Sou formado em Farmácia pela UFRJ e lido com óleos essenciais, participei de workshops de florais com os principais co-criadores. Atualmente atendo somente online: via Telegram ou Skype. Este blog é apenas uma maneira de ver o mundo que nos cerca, com todas as nuances que for possível vê-lo. Sinta-se à vontade, mas respeite o espaço! ;)

09 novembro 2023

A questão Palestina

 A Questão Palestina

 


por Marco Antonio H. de Menezes 

Desde minha infância eu convivi com muitas culturas, porque minha mãe foi trabalhar e morar na casa de uma família que tinha ligação sanguínea com italianos. Uma parte desta família era casada com libaneses que se misturaram com peruanos (e acho que com outros povos da América do Sul). E a minha madrinha, que era uma destas pessoas desta família, cantou por décadas num coral da comunidade israelita. Fora os muitos amigos da família que eram espanhóis, portugueses e de outras nacionalidades. Era um entra e sai de muitas pessoas de várias partes do mundo. Fora isto, eu escutava música clássica. E não estou falando nada disto como um esnobe, até porque, quem me conhece, sabe que eu não sou esnobe. Mas considero muito importante tudo o que vi, tudo o que pude assimilar ao longo de minha vida, porque eu tenho algo dentro de mim que observa, que é curioso e que gosta de aprender e de apreender.

Do coral israelita eu tenho muitas lembranças, porque a música, as palavras e as pessoas, que conheci, até hoje ainda fazem parte da minha mente. Lá cantavam pessoas de diversas idades (e não só judeus) e elas passavam o ano inteiro ensaiando principalmente para a apresentação no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ). Quando eu tive a oportunidade de ir às apresentações no TMRJ, eu via o teatro superlotar com toda a comunidade israelita. Eram pessoas de várias classes que faziam questão de prestigiar o coral e as lembranças que ele evocava. Algumas das pessoas que cantavam no coral ainda traziam em seus braços as marcas do holocausto (eu nunca vi, a minha madrinha e seu filho, a quem eu chamava de irmão, que me contaram). Mas eles estavam longe de serem pessoas tristes. Eram pessoas muito alegres, simpáticas, que faziam da música um momento delicioso. Por ali passaram maestros como Henrique Morelembaum e Isaac Karabtchevsky, e eles permitiam que as pessoas cantassem peças de grandes compositores de música erudita internacional e nacional.  

O meu contato com a cultura judaica e a cultura do Oriente Médio em geral sempre foi muito rico e sempre me fez sonhar com o dia em que poderia conhecer seus países e, principalmente, seus mercados (eu sou fissurado por aquilo!). E ao longo da vida eu sempre ouvi dizer que tanto as pessoas da cultura judaica quanto as do Oriente Médio que viviam no Brasil eram muito fraternais entre si e sempre condenaram quaisquer ataques que ocorriam fora do Brasil.

Por tudo isto que relatei acima, eu não tenho nada contra qualquer uma das duas culturas, porque todas as duas são riquíssimas e maravilhosas.

Porém, eu não posso dizer que sou a favor do que os governos de Israel fazem aos palestinos. E eu separo bem as coisas: governo de Israel e povo judaico. Ao longo da minha vida eu fui tendo acesso a muita informação sobre a história da criação do Estado de Israel. A fase inicial da história, que foi quando um grupo sionista resolveu que precisava de um lugar no mundo para fundar o Estado de Israel, é louvável. Isto aconteceu no final do século XIX e aos poucos este movimento foi tomando vulto e também foi se descaracterizando, principalmente quando começou a tomar forma a criação do Estado de Israel na Palestina. Quem quiser saber com detalhes, que busque em livros, principalmente os de origem judaica (sim, de origem judaica!), porque são as melhores fontes de informação sobre isto. Os anos que antecedem o reconhecimento do Estado de Israel pela ONU já eram um prenúncio do que se agravaria de lá para cá. No Chile há a maior comunidade de palestinos do mundo fora da região original, e eles fugiram das perseguições que sofreram lá na Palestina ainda naquela época.

Por um lado, o Estado de Israel é um local que agrada a turistas e enche de orgulho a própria comunidade judaica, além de ser um local de excelência tecnológica e de pesquisa. Por outro lado, não há como negar que os sucessivos governos sionistas (todos os governos de Israel foram e são formados por sionistas, primariamente pelos de inclinação à esquerda e mais tarde pelos de inclinação à direita) desenvolveram uma atividade na Palestina que foi agregando territórios por meio de guerras, coerções, expulsões e perseguições, o que causou reações ao longo das mais de 7 décadas de presença ali naquela região.

Em outras palavras, o governo de Israel sempre exerceu uma ação opressiva sobre quem já morava ali. As pessoas que ali viviam não estavam em conflito com ninguém, nem mesmo com os judeus que ali já moravam bem antes da intenção de se criar o Estado de Israel. Grupos como OLP e Hamas nascem desta opressão e suas atividades (por mais que sejam condenáveis aos olhos de quem observa tudo aquilo) deveriam ser analisadas tendo por base o que o governo de Israel fez e faz ao povo palestino. Não há nada que justifique os atuais ataques de Israel ao povo palestino, principalmente quando sabemos que Israel tem uma das mais fortes organizações de espionagem do mundo, o Mossad. O Mossad tem condições e autoridade de sobra para investigar e resolver qualquer problema relacionado com ataques a qualquer membro da população de Israel. Portanto, os ataques de Israel ao povo palestino não são contra o Hamas e sim, contra o povo palestino, contra civis, contra homens, mulheres, idosos e crianças palestinas. O Hamas está sendo usado como uma desculpa para o governo de Israel atacar sem piedade o povo palestino que não tem como se defender e nem como subsistir diante da escalada de bombardeios. E chega a ser revoltante que os EUA ofereçam apoio com armas e dinheiro ao governo de Israel para realizar tais ataques covardes. E a coisa fica pior quando o atual governo de Israel clama questões religiosas para justificar seus ataques. Isto é muito vil!

O povo judeu, que já passou por tantas perseguições ao longo de sua história e recentemente viu isto se materializar na Segunda Guerra Mundial, não merece ser visto como alguém que dizima uma população, que cerca uma região com muros e encurrala os palestinos com ataques covardes. O povo palestino não merece passar para a história como o povo que foi dizimado por nada. O mundo não merece que tal coisa ainda ocorra. E tem sido muito difícil para judeus e palestinos espalhados por todo o mundo ficarem em paz e promoverem a paz dentro de seus grupos, principalmente com um noticiário que tende a justificar e apoiar os ataques do governo de Israel, mesmo que as imagens e a razão não estejam ao lado do governo de Israel.

Fico ainda mais triste porque os governos do mundo parecem inertes, como se não vissem o que acontece. Querem que haja cessar-fogo para que se criem corredores de fuga do povo palestino (o que é inteligível), mas esquecem que estes corredores de fuga servem apenas para esvaziar os territórios palestinos que ainda restam. Ou seja, no final das contas o governo de Israel ficará com toda a Palestina ocupada e transformada em um Estado de Israel. O certo seria o cessar-fogo imediato com a devida mediação mundial. Mediação mundial que deve sim levar em conta que o governo de Israel tem sido voraz na tomada de territórios que pertencem ao povo palestino.

É por isto que eu estou ao lado dos palestinos e não do governo de Israel. E estou ao lado de todos os judeus que também condenam a ação do governo de Israel. O povo semita (formado por judeus e por todos os povos que nós informalmente chamamos de árabes) não merece ser condenado por algo que é puramente um ataque covarde de um governo a uma população. A contribuição do povo semita à cultura do Ocidente é riquíssima e afeta até nós, os brasileiros.

Acredito que com este texto eu consigo mostrar ao lado de quem eu estou e como o governo de Israel tem em suas mãos capacidade para resolver seus problemas com o Hamas sem bombardear civis. Sei que é um assunto delicado, mas sei também que o desdobrar das ações do governo de Israel poderão trazer problemas ainda mais sérios para todos nós.

E eu sou Marco Menezes, meus caros viajantes das estrelas!

 

2 comentários:

  1. Boa tarde Marcos! Concordo plenamente com você. Temos que separar as coisas, povo de Israel é uma coisa governo de Israel é outra coisa totalmente diferente.....

    ResponderExcluir