Plutão Retrógrado em Capricórnio e Urano Retrógrado em Touro (É pavê ou prá correr?)

 

Plutão Retrógrado em Capricórnio 

e 

Urano Retrógrado em Touro

(É pavê ou prá correr?)

 

por Marco Antonio H. de Menezes

 

“Quando entrar setembro...” Pois é, dia 01 de setembro e dia 02 de setembro de 2024 trazem movimentos diferentes para o céu.

No dia 01 de setembro de 2024, faltando uns 3 minutos para as 21 horas (horário de Brasília), Plutão Retrógrado retorna para o signo de Capricórnio. Depois de 2024 só daqui uns 240 anos Plutão retornará novamente a Capricórnio.

No dia 02 de setembro de 2024, por volta das 12 horas e 18 minutos (horário de Brasília) será a vez de Urano começar o seu movimento retrógrado pelo signo de Touro. Esta será a última vez que Urano ficará retrógrado em Touro, ao menos pelos próximos 84 anos.

Os dois planetas lentos estarão atuando em movimento retrógrado em signos do elemento Terra.

Plutão, o mais lento dos dois planetas, permanecerá o tempo todo no grau 29 de Capricórnio. Atenção máxima para as pessoas que nasceram nos últimos dias dos seguintes signos: Capricórnio, Áries, Câncer e Libra. Hora de revisões fortes para vocês! É a última revisão que Plutão trará para vocês por um bom tempo. Mas, para as demais pessoas que nasceram sob estes signos vale dar uma checada em todas as questões que ocorreram em suas vidas desde o final de 2008, que foi quando Plutão começou a trilhar o caminho capricorniano. Vejam quais transformações atingiram vocês em cheio, que levaram a abrir novos caminhos, que moveram vocês das chamadas zonas de conforto, que removeram lixos, entulhos e lodos que foram acumulados anteriormente. Como vocês passaram a lidar com seus sistemas de crença? Quais ambições tornaram-se reais? Quais estruturas foram erguidas? Quais desafios tiveram que vencer para chegar ao topo? Como regularam sua impulsividade? Que tipo de nutrição receberam a partir do mundo? O que realmente traz equilíbrio para as suas vidas? Pois é, este é um bom momento para fazer a checagem final, pois no próximo período, quando Plutão voltar para Aquário, a metralhadora transformadora dele se dirigirá para Aquário, Touro, Leão e Escorpião. A vida, provavelmente, trará os roteiros que representarão a finalização deste ciclo capricorniano de Plutão.

A finalização será rápida, mas não prometo ser indolor, afinal estamos falando do planeta (ou planetoide, segundo a astronomia) que se relaciona com o que está invisível, com o que está escondido, com aquilo que está nas sombras. Plutão traz à tona, por meio de movimentos transmutadores, mortais e crus, todos os tesouros que estão disponíveis para cada um de nós. Ele não camufla, ele não enfeita o pavão, ele cospe direto, vomita sem piedade nossas mazelas, nossos medos, nossas ignorâncias, nossos fantasmas e nossas facetas mais abjetas. Plutão não nos deixa aceitar os dogmas, não nos permite esconder o que realmente somos, não disfarça nossos sentimentos, não esconde nossas fraquezas, não tem piedade quando assumimos o papel de vítimas, porque o tesouro só é visto por aqueles que, corajosamente, aceitam ser transparentes, que aceitam ser autênticos, que aceitam viver sem ceder aos caprichos da sociedade, que aceitam viver à margem. A marginalidade, a morte, o abismo, a destruição, a instabilidade e psicopatia não conseguem mais ficar submersos e invisíveis, porque isto traz uma sensação de sufoco, de estrangulamento, de artificialidade, de controle e de dominação. O tesouro de Plutão está disponível para quem não teme as provas que ele vai exibindo. Suas provas conseguem expor toda a nossa podridão, mas também nos faz limpá-la, curá-la, fazer as pazes com nossa verdadeira personalidade, fazer as pazes com nossas verdadeiras fraquezas. Nada aqui é romântico, nada aqui é artificial, mas todo mundo acredita que é poderoso, que está no comando, que detém o controle de tudo e de todos, mas não entendem que Plutão é o guardião dos pecados, dos erros, das armadilhas que criamos, da traições que cometemos, dos crimes que permitimos e encobrimos, das dores que infligimos aos outros e a nós mesmos. O humor de Plutão é negro, é sádico, é corrosivo, não se submete às frágeis e adaptáveis leis humanas. Plutão é cruel, muito cruel. Não gostou? Sinto muito! Plutão evidencia estas energias quando emerge da escuridão.

Em Capricórnio ele mostrou ao mundo, de maneira bem profunda (e até didática, ouso escrever aqui) o submundo do poder, as artimanhas que as ambições podem criar só para ter um minuto de fama. Plutão expôs tudo aquilo que as pessoas supunham não existir ou não queriam olhar em termos políticos, em termos éticos, em termos morais e em termos de crenças. As pessoas não tiveram pudor, ficaram nuas e exibiram suas carnes sem piedade e sem vergonha. Ficou tão fácil ver a fragilidade e ficou tão fácil saber o quanto cada um é carente, e ficou tão fácil ver o quanto as pessoas são mesquinhas, e ficou tão fácil ver até onde as pessoas podem ir para vender suas almas, e ficou tão fácil ver o egoísmo das pessoas justificado por valores religiosos/espirituais distorcidos, e ficou tão fácil ver pessoas ditando regras quando não tinham moral para ditá-las, e ficou tão fácil ver as pessoas disfarçarem suas verdadeiras convicções ideológicas/espirituais/políticas para logo em seguida mostrarem o quão mesquinhas e cruéis podem ser, e ficou tão fácil ver o quanto as pessoas aplaudem o vazio e preferem a ostentação do nada, e ficou tão fácil ver as pessoas aplaudirem pessoas vazias, pessoas inconsequentes, pessoas descaradamente mentirosas, pessoas sem um pingo de responsabilidade, sem um pingo de apreço pela dor humana... Tudo para ter um lugar no alto da montanha das ambições e do poder. Tudo para ser o escolhido... Tudo para tentar ter a importância do nada! Plutão escavou a montanha de dentro para fora, deformou e desestruturou valores e crenças, desfez mitos, triturou egos, derrubou metas, desabilitou poderes e fez de tudo para que cada ser humano descesse da montanha e fosse apenas um ser capaz de reconhecer que só está aqui para administrar e não para ser o dono. Tudo o que está desgastando a nossa humanidade foi exposto. Tudo o que de insano podemos fazer para não perder nossa notoriedade e reputação ou para não reconhecer os nossos erros foi exposto. Quem soube lidar com algumas destas impressões que Plutão, lentamente, foi expondo, provavelmente está começando a ver o sol para além das montanhas e está correndo para divulgar novas ideias, novos conceitos, novos parâmetros. São poucos! Mas é sempre assim, infelizmente! Os demais seguem batendo palma para maluco, acreditando na validade das guerras de fachada, acreditando nas falsas intrigas políticas e ideológicas, nos velhos rumores conspiracionistas, que nada mais são do que distrações, sombras projetadas na parede de uma caverna qualquer. Plutão veio apenas mostrar o verdadeiro poder que habita em cada um de nós. Um poder libertador, um poder interno que nos faria enxergar para além das limitações e distrações que são impostas a cada um de nós diariamente. Plutão só quis mostrar o quanto somos manipulados e o quanto gostamos de imitar e apoiar os manipuladores. Plutão só quis mostrar que a sociedade virou uma grande sessão sadomasoquista. Gostem ou não, ele só estava evidenciando nossa incapacidade para largarmos o osso e nos lembrarmos de que somos muito melhores e maiores do que tudo isso. Lições não se aprendem a toque de mágica, mas com exercícios. Quem não gosta de se exercitar, quem não gosta de estudar, quem não gosta de se esforçar, infelizmente, prefere o jogo sadomasoquista que a sociedade ama jogar com seus sistemas de crença, com suas preocupações sociais vazias, com suas mentiras que alimentam o medo, o ódio, a violência, a guerra e a separação. Exagerei? Quem sabe, meu caro viajante das estrelas? Será que nós estamos aqui para matarmos, controlarmos, dominarmos, categorizarmos, odiarmos, denunciarmos, inferiorizarmos, domesticarmos, manipularmos, demonizarmos e/ou catequizarmos o outro? Plutão esteve de 2008 até 2024 em Capricórnio ajudando cada um de nós na busca pela resposta para cada uma das questões expostas aqui. Brincadeiras ou travessuras?

Urano está terminando sua bela passagem por Touro, mas ele está terminando com estilo. Protagonizou a última conjunção que Júpiter fez com um planeta lento, o que fecha o ciclo das grandes conjunções, que só voltará a ocorrer daqui alguns anos. E ainda teve tempo para fazer conjunção com Marte e com a estrela Algol ao mesmo tempo. Agora ele merece refazer os percursos por meio da retrogradação. Ele ajudou a dinamitar todo o sistema financeiro que estava sendo levado capenga e nas coxas nos últimos anos. A incerteza atingiu a porta de empresas que pareciam ser sólidas. Atingiu negócios familiares que acreditavam ainda poder levar adiante suas frágeis tentativas de respirar. Expôs a fragilidade de negócios que ainda sobreviviam de “promissórias”. Renovou o mercado bancário, com novas normas e novas técnicas de captação de dinheiro, entrando fundo no mercado de criptomoedas, desestabilizando-o e tentando criar alternativas aparentemente mais seguras, porém baseadas no princípio das criptomoedas. Vimos o investimento em tecnologias que visam maior rapidez na transferência de dados e valores. Vimos o dinheiro cada vez mais deixar de ser algo físico e ser realmente uma mera amostragem de números num visor. Os investimentos passaram a ter um fôlego a mais com a criação de um sistema de cotação que aparenta ser baseado na preocupação com o meio-ambiente. Os sistemas salariais e de aposentadoria do mundo começaram a passar por uma série de mudanças para enxugar custos e favorecer cada vez mais investimentos privados na área. A preocupação com o meio-ambiente alavancou a desativação de propriedades voltadas para a pecuária, a pesquisa em alimentos baseados em insetos, o investimento pesado dos grandes laboratórios e dos grandes centros de pesquisa em usinas de fabricação tecnológica de alimentos, o que poderá mudar o cenário da agricultura mundial pelos próximos anos. Urano em Touro acelerou a migração de pessoas que em seus países de origem vivem sob um cenário de desolação provocado por guerras e guerrilhas custeadas e alimentadas por países ditos mais ricos. O alvo preferencial das migrações é exatamente os países ditos ricos, onde os migrantes são mal vistos, são recebidos por uma parcela da população local com violência, preconceito e discriminação. A pobreza mundial aumentou, hoje as pessoas possuem poder aquisitivo menor, embora continuemos a ter grande concentração de dinheiro nas mãos de poucos. As grandes corporações dominam todo o mercado econômico, político e social, ditando normas, leis, influindo nas decisões parlamentares de vários países, diminuindo a variedade e a diversidade na oferta dos produtos e serviços, já que quase tudo está nas mãos de poucos grupos. Tecnologicamente o mundo está vivendo um aumento da corrida espacial, indo muito além da exploração da Lua. Veículos elétricos prometem ser a grande estrela na guerra contra o uso de combustíveis fósseis. Robôs e máquinas cada vez mais ocupam o lugar dos seres humanos nos mais diversos campos de atividade e isto culmina com a difusão da Inteligência Artificial (ou IA). Novos investimentos tecnológicos podem facilitar o uso de veículos voadores para transporte de pessoas, vigilância e para facilitar a entrega de produtos. Os robôs e as IAs também assumem importância na área militar, na proteção de residências, na autonomia de veículos e até na área da saúde. A geopolítica atual não só causa as migrações, como também está causando uma dificuldade cada vez maior para os governos dialogarem entre si, o que facilita maior aparecimento de problemas diplomáticos e de guerras, pois os interesses financeiros e a busca por novos mercados consumidores e exportadores de matéria-prima têm sido usados de maneira ainda mais selvagem, por quem controla o mercado financeiro, para gerar desconfortos diplomáticos. Aos poucos, as pessoas começam a rever a sua relação com o planeta. As pesquisas genéticas estão mudando radicalmente o mercado farmacêutico, permitindo que seja desenvolvido um maior número de medicamentos e de vacinas que possam afetar a saúde e o bem-estar das pessoas, apesar das críticas que o uso de tais tecnologias têm recebido.

Urano em Touro tem evidenciado o desapego, o desprendimento, a necessidade de avaliarmos como podemos cuidar mais daquilo que influi diretamente na nossa sobrevivência dentro da Terra. O ser humano se vê obrigado a enxergar além do planeta. O lançamento de telescópios mais potentes no espaço, o uso comercial da Lua, de Marte, dos asteroides, a criação de uma rede de satélites para melhorar a interação entre os seres humanos, a exploração do turismo espacial e o desenvolvimento de tecnologias de fabricação no espaço de produtos que possam ser úteis na Terra, são algumas das possibilidades que estão emergindo durante a passagem de Urano por Touro.  

Urano em Touro seria melhor usado para que o ser humano explore suas próprias capacidades corporais, para desenvolver ou aplicar técnicas de meditação que fortaleçam a abertura da espécie para uma nova consciência de sua importância para o planeta e para, no mínimo, o espaço situado dentro deste sistema solar. Nossa mentalidade ainda é destrutiva e altamente poluidora. Nossas tecnologias, apesar dos grandes avanços que temos conseguido alcançar, são ainda rudimentares para quem quer explorar o espaço e demonstrar um pouco de preocupação com o meio-ambiente. Não sabemos respeitar nosso próprio corpo, nosso vizinho, nossa cidade, nosso estado, nosso país e nem o país dos outros. Somos invasivos, somos beligerantes, somos interesseiros, somos treinados para não usarmos a nossa riqueza individual em favor do todo e sim para atacarmos o outro, para desrespeitarmos o outro, para não respeitarmos a individualidade do outro, para não entendermos as diferenças como um fator de crescimento que favorece novas visões e novas perspectivas de vida. Usamos nossas crenças para atacarmos os outros e para ampliar nossos preconceitos, em lugar de usá-las para o crescimento interior de cada um de nós. Urano em Touro poderia ser usado para diminuir as hostilidades, pois o planeta neste signo evidencia a nossa fragilidade quando nos esfacelamos, quando nos separamos, quando nos dividimos, quando não nos damos conta de que somos seres dotados de inteligência suficiente para não a desperdiçar com guerras, com ganância, com inveja, com apegos, com egoísmos, com a necessidade de possuir algo que não tem qualquer valor do ponto de vista daquilo que realmente somos: espíritos. Deveríamos usar a energia revolucionária de Urano para desfazer as fronteiras, mas de maneira integrativa e não por meio da astúcia, do interesse e da usura. Touro é um signo relacionado com o amor e Urano deveria nos inspirar com a luta pelo império do amor sobre todas as coisas, mas preferimos evidenciar o poder que podemos ter sobre tudo o que amamos, como se tudo fosse reduzido a uma mera posse. Temos usado a energia de Urano em Touro para nos tornarmos mais materialistas, mais consumidores, mais negociadores, mais investidores, mais endividados, porque acreditamos muito mais na matéria do que no espírito, acreditamos muito mais na posse do que no desfrutar daquilo que a vida nos oferece, porque preferimos pagar para viver do que enxergarmos que a vida nos é dada de graça, porque acreditamos que o valor está naquilo que acumulamos fisicamente e não naquilo que contribuímos para melhorar o mundo ao redor. Estamos em dívida conosco mesmos, não com um banco ou com uma instituição ou com um agiota. Nós agimos como os pombos que vivem nas grandes cidades, pois temos asas e podemos conseguir muito mais voando mais longe, mas preferimos ciscar migalhas e usar apenas nossas pernas e pés. Somos atropelados por nossa própria cegueira, porque não nos enxergamos e nem reconhecemos a riqueza que somos para este planeta e para este mundo que cerca este planeta. Nós estamos depositando nossa confiança em tesouros externos quando o verdadeiro tesouro somos nós mesmos. Não somos capazes de interagir nossos corpos com o planeta, mas gastamos tempo com políticas financeiras e sociais que fingem se preocupar com o planeta, mas só desejam encher os cofres dos investidores que não sabem ouvir o planeta. Urano em Touro evidencia a forma torta como usamos a nossa energia telúrica, a forma preguiçosa como olhamos para um planeta tão vasto, o desprezo que nos foi ensinado pelo planeta a ponto de não reconhecermos que ele é a nave que nos permite navegar pelo espaço. Urano em Touro evidencia a falta de amor que temos pela vida, porque matamos para possuir, matamos para conquistar, matamos para nos valorizarmos, matamos para nos mostrarmos superiores, matamos para provarmos que defendemos a nossa vida, matamos para defendermos nossas crenças espirituais/religiosas, matamos para não perdermos o que nunca foi nosso.

Com Urano retrógrado em Touro podemos avaliar tudo isto que foi descrito acima e aproveitarmos para, no mínimo, termos mais compaixão, mais amor, mais compreensão de que esta vida é uma passagem, mas é uma passagem que deveríamos honrar contribuindo para fazer daqui um ponto de passagem positivo para todos e não um lugar cada vez mais devastado fisicamente, emocionalmente, mentalmente e espiritualmente.

Levaremos, pelo menos, 84 anos para desenvolvermos tudo o que foi emanado e evidenciado por esta passagem de Urano pelo signo de Touro, quem sabe, até lá, tenhamos aprendido a nos libertarmos da cegueira que nos impede de nos vermos como energias criativas e livres e não energias castradas e submissas, meus caros viajantes das estrelas.

Este texto é apenas uma reflexão de um mero ser humano, mas espero que sirva para inspirar outros seres humanos a se sentirem capazes de refletir e capazes de encontrar suas próprias respostas aí dentro dos seus corações.

Deixo abaixo a letra da música Song of the Stars do grupo Dead Can Dance. A tradução e a música podem ser obtidas na internet.

 

We are the stars which sing
We sing with our light;
We are the birds of fire,
We fly over the sky.
Our light is a voice;
We make a road for the spirit to pass over

We are like the wind,
Wrapped, in luminous wings,
We make a road for the spirits to pass over.
For the Spirits to pass over.

{algonquian indian}
Outò, ba mwen son ou,e,
Outò, ba mwen son ou,e,
Tanbouyè, o ba mwen son ou,
Solèy lève.
Outò, give me your sound,
Outò, give me your sound,
Drummer, give me your sound,
The sun rises.
{vodun invocation-haiti}