Sobre Marco Menezes

Trabalho, basicamente, com Tarot, Reiki, Numerologia e Astrologia. Sou formado em Farmácia pela UFRJ e lido com óleos essenciais, participei de workshops de florais com os principais co-criadores. Atualmente atendo somente online: via Telegram ou Skype. Este blog é apenas uma maneira de ver o mundo que nos cerca, com todas as nuances que for possível vê-lo. Sinta-se à vontade, mas respeite o espaço! ;)

18 maio 2019

O Monstro



Olá!!!
Faz tempo que não escrevo um texto por aqui ou faço um vídeo, mas a minha rotina obriga-me a cuidar de outras situações. Porém, tenho deixado por aqui alguns vídeos e textos e indicações que possam ser positivos para cada um daqueles que passeiam por esta página.
Hoje eu gostaria de olhar para o monstro!
Outro dia, estava eu conversando com um amigo sobre o país. Num dado momento eu falei que este país está encarando o monstro que ele gerou ao longo de sua existência.
Alguém ou um grupo de pessoas precisava aceitar o papel de ser a encarnação deste monstro. Por muito tempo nós vimos este monstro manifestando-se como icebergs, mas nós não tínhamos a exata dimensão dos icebergs (e, consequentemente, do monstro!). Por vezes, a ponta do bloco de gelo parecia enorme o bastante para pensarmos que representava a totalidade do bloco, mas aquilo, por mais assustador que fosse, ainda era pequeno diante do que se mantinha submerso.
Imagine um mar relativamente calmo, aves voando, navio deslizando suave... Tudo muito tranquilo, enquanto as correntes marinhas impulsionam, silenciosamente, um grande bloco de gelo. Esta é a nossa história.
Eu costumo dizer que o país possui uma história recheada de episódios de abuso que são suavizados pelo passar do tempo, pelos textos incompletos, pelos relatos que são revisados e pasteurizados. O que nos chega é muito pequeno diante do que de fato aconteceu e diante da ferocidade dos acontecimentos.
Ninguém é perfeito e ninguém é só bom ou só mau. Mas para facilitar a fluência de uma narrativa podemos arredondar tudo e criarmos estereótipos que nos fazem acreditar na dualidade como algo que se encarna de maneira separada e definida: fulano é bom e outro é mau, aquele grupo queria o mal e o outro nos salvou do mal e por aí vai. Este arredondamento ou suavização dos fatos faz com que deixemos de lado a verdade e com ela deixamos de lado a possibilidade de fazer as devidas correções antes que aquilo que não ficou bem resolvido assuma uma nova forma e bata na nossa porta novamente. Cada vez que deixamos de lado a verdade, cada vez que abandonamos a possibilidade de corrigir erros, mais chances nós damos para que tudo volte a nos assombrar mais adiante, com novas facetas e com força renovada. E quanto mais nós repetimos o ato de não encarar a verdade e de não fazer as devidas correções, mais criamos artificialidades que nos permitem fazer de conta que nada daquilo nos afeta ou nos afetará, porque perdemos a percepção de que tudo aquilo está encadeado, nada está separado, nada é um fato novo em si, mas um acúmulo de tudo o que não encaramos.
Para tudo existe um limite e para estes momentos surgem pessoas e grupos que se prontificam em ser a encarnação de tudo aquilo que temíamos ver, mas preferimos empurrar para baixo do tapete.
A atual realidade do país nada mais é do que a encenação nua e crua de tudo aquilo que fazíamos de conta que não existia, de tudo aquilo que não achávamos importante encarar, de tudo aquilo que achávamos que estava enterrado sob metros de coisas mais sólidas e mais edificantes, de tudo aquilo que de fato nos tornamos, mas negamos porque preferimos ver nós mesmos como seres acima de qualquer suspeita.
Infelizmente, o monstro precisa vir à tona, ele não aguenta viver tanto tempo sendo ignorado, sendo suavizado, sendo ridicularizado, sendo desprezado, sendo vítima da falta de consciência das pessoas. Ele precisa ser ouvido, ele precisa botar para fora, vomitar, defecar, urrar, bater, urinar e feder muito para que todos, sem exceção, o encarem. É preciso que ele faça isto para que as pessoas assumam paternidade e maternidade daquilo que semearam, gestaram e fizeram nascer (e trataram de se livrar quando perceberam as imperfeições evidentes!). É preciso que as pessoas encarem quão abusivas têm sido e quão abusadas elas têm sido. É preciso que saiamos da visão infantil de que nós somos boas crianças e de que nossos atos foram fruto de nossa tenra e ingênua idade.
Não é bem assim!
Somos responsáveis e não há uma única pessoa que não seja responsável. Isto não inviabiliza tudo aquilo que uma parcela de nós fez para que olhássemos para o monstro que estávamos criando.
Agora tentamos, mais uma vez, negar a responsabilidade e tentamos fugir de algo que, neste momento, está tão evidente: o monstro!
O país está entregue a um monstro! O que faremos com este monstro? Espancá-lo? Matá-lo? Ignorá-lo? Bom, nenhuma das alternativas anteriores seria boa (mas muitos podem ser seduzidos por elas!), porque a única coisa que resultaria disto é adiar para um futuro qualquer o aparecimento de um monstro muito pior. Precisamos encará-lo! Precisamos olhar para a história do país e começarmos a rastrear tudo o que deixamos de lado, tudo que permitimos que fosse destruído em nome de uma comodidade e de uma passividade. Precisamos aceitar até onde fomos capazes de destruir nossas raízes, até onde fomos capazes de negar as nossas origens, até onde fomos incapazes de corrigir nossas mazelas, até onde fomos parceiros de nossos abusadores só para ficarmos comodamente tranquilos com a nossa rotina diária, até onde fomos incapazes de olhar para os abusos que deixamos que cometessem por medo de que fizessem algo pior a nós mesmos. Até onde nós fomos preconceituosos? Até onde fomos invejosos dos que pensaram fora da caixa? Até onde levamos o nosso medo de nos arriscarmos? Até onde fomos capazes de ser brutais com todos os que nos convidavam a ver a vida para além de nossa rotina? Até onde fomos covardes para abandonarmos aquilo que sabíamos que nunca nos fez bem? Até onde ignoramos o bem-estar da coletividade apenas para atender ao nosso bem-estar imediato? Até onde ignoramos o bem-estar da coletividade apenas para não provocarmos a ira dos poderosos? Até onde aceitamos que menos é melhor? Até onde aceitamos que o outro é nosso inimigo pelo simples fato de ser diferente? Até onde nós fomos tão cruéis com aqueles que amávamos para descontar neles os desmandos de quem está nos comandando? Até onde aceitamos a tese de que precisamos ser comandados e de que somos imaturos? Até onde aceitamos o discurso de que somos imaturos só para que isto seja conveniente? Até onde aceitamos que o que ocorre fora de nossa vida particular é diferente do que acontece dentro dela? Até onde aceitamos que não devemos questionar?
O monstro está aí para ser curado e não para ser destruído! Ele habita o poder do país, mas ele está em nosso lar, em nossa vizinhança, em nosso ambiente de trabalho, em nossos momentos de lazer e em nosso ego. Ele não é um ser mau que surgiu magicamente, ele é apenas um ser que nós criamos, mas negamos que somos os criadores dele.
O monstro está convidando cada um de nós a conhecê-lo e a olharmos para ele e enxergarmos nele a nossa face. Ele está convidando cada um de nós a curarmos, agora, as nossas muitas feridas que nos deformam espiritualmente, mentalmente, emocionalmente e fisicamente.
Não é um trabalho fácil e que se faça em um dia e nem a cada quatro anos ou sendo de esquerda ou de direita ou sendo progressista ou sendo liberal ou sendo conservador ou sendo socialista ou sendo comunista ou sendo democrata ou sendo terrorista ou sendo fascista ou sendo nazista ou sendo patriota ou sendo cidadão de bem ou sendo mortadela ou sendo coxinha ou sendo esquerdopata ou sendo pato... É um trabalho para recuperarmos o amor por nós mesmos, por nossa vida. Não estamos odiando alguém, estamos odiando a nós mesmos. Precisamos apontar o defeito do outro com a consciência de que o outro somos nós mesmos e aí paramos de apontar o dedo e passamos a apertar as mãos e paramos de lutar, porque é preciso conversar, repensar, corrigir, perdoar, curar, limpar e, conscientemente, restaurar, expulsando de nós mesmos tudo o que insiste em dividir, prejudicar, preconceituar, prejulgar, destruir, matar, apoderar-se, desqualificar, desestimular, desmoralizar e negar os fatos como eles são.
O trabalho (muito árduo!) é para resgatarmos a lembrança de que somos humanos, vivemos no mesmo planeta e de que está na hora de recuperar a memória de quem somos e do que podemos fazer pelo bem-estar de todos em lugar de atender (como repetidamente temos feito) ao bem-estar de um grupo que nunca se preocupou com outra coisa senão em manter (e fazer crescer) o muito que sempre teve.
O monstro está na nossa frente e dentro de nós para que o curemos. Quem se habilita?!
Meus agradecimentos a Urano em Touro, Saturno e Plutão em Capricórnio, Júpiter em Sagitário, Marte em Câncer e Netuno em Peixes. O monstro não ficará cada dia mais evidente e mais convidativo para a cura sem a nobre participação deles. Que Lilith em Peixes nos seja suave!



2 comentários:

  1. Brilhante texto meu irmão! Apenas encontrei alguns errinhos de ortografia. Quero saber se posso republicar o seu texto num outro blog, obviamente citando o link deste seu blog, o original.

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  2. Pode republicar sim. Envie-me, por favor, o link do blog, quando republicar.

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