Sobre Marco Menezes

Trabalho, basicamente, com Tarot, Reiki, Numerologia e Astrologia. Sou formado em Farmácia pela UFRJ e lido com óleos essenciais, participei de workshops de florais com os principais co-criadores. Atualmente atendo somente online: via Telegram ou Skype. Este blog é apenas uma maneira de ver o mundo que nos cerca, com todas as nuances que for possível vê-lo. Sinta-se à vontade, mas respeite o espaço! ;)

01 fevereiro 2014

Fratura exposta!

(este texto é de autoria de Marco Antonio H. de Menezes e foi publicado no Facebook no dia 29/12/2013)
A derrota de Anderson Silva foi uma tremenda lição para os brasileiros: a lição da aceitação!
Diante da derrota, da perda, nós ficamos irracionais, idiotizados e revanchistas. Tão difícil quanto vencer é perder, talvez seja até mais difícil aceitar a derrota ou a perda. Quando não aceitamos a perda, nós podemos ser hipnotizados pelo brilho fugaz da vaidade, do orgulho, da soberba, por exemplo. Quando nos deixamos contaminar pelo orgulho, pela vaidade e/ou pela soberba, perdemos a noção do perigo, perdemos a noção de que uma perda pode ser um passo para uma nova vida, um novo patamar, um novo aspecto dentro de nossa vida. É sempre mais fácil acharmos que somos invencíveis, é sempre mais fácil sermos sempre o herói, é sempre mais fácil transformarmos alguém em um herói, é sempre mais difícil calar o ego. Quando perdemos por um descuido, mas perdemos, tudo fica bem, apesar de nos sentirmos momentaneamente para baixo. Quando encontramos o mesmo perigo de novo e somos derrotados pela fragilidade de nosso corpo, a derrota fica muita mais espinhuda, muito mais marcante e inesquecível, como se fosse uma consciência contínua a nos lembrar do motivo fútil que nos levou até aquela derrota.
Quando Anderson Silva perdeu a primeira luta, meses atrás, para o mesmo algoz (Chris Weidman), imediatamente foi lançada uma série de possibilidades, uma série de explicações para tentar definir o óbvio: Anderson Silva foi derrotado. Ninguém aceitou aquela derrota, muitas desculpas foram dadas, vídeos foram analisados e muitas discussões foram feitas baseados no “achismo”. Mas o óbvio não estava sendo aceito: ele não era um deus ou semideus, ele era um ser humano, que, apesar da longa e positiva carreira dentro do mundo das lutas, seria derrotado, perderia seu troféu para alguém que naturalmente o iria suceder. Mas, o óbvio não é aceito facilmente. O próprio Anderson Silva preferiu, sabiamente, retirar-se de cena e voltar para a sua vida. No entanto, o ego, a soberba e o orgulho e, principalmente, a dificuldade para aceitar derrotas, foram mais estimulantes (sem falar na grana que circula neste meio!). Se Anderson Silva não deixasse o vírus da vaidade tomar conta dele, se ele não ouvisse as sandices e nem aceitasse as provocações de quem quer que seja, ele estaria no lugar que merece: o maior campeão de lutas de todos os tempos que foi sucedido por alguém da nova geração, ou seja, um herói que se retira no momento certo. Porém, esta não foi a história: ele aceitou a provocação, a vaidade tomou conta, o orgulho besta fez o resto do estrago e hoje ele não só é um derrotado, mas um homem desonrado pela perna fraturada (sim: não foi o oponente que o derrotou, mas a perna dele mesmo). De herói, ele passa para mártir, coisa que brasileiro adora (Ayrton Senna, Ronaldinho e seu joelho, por exemplo). Agora muitos rezarão pela sua recuperação, serão gastas horas de vídeo para acompanhar a recuperação dele e até mostrarão gráficos sobre o que aconteceu, sobre os perigos de certos golpes, sobre outras pessoas que perderam lutas ou tiveram a má sorte de quebrar alguma parte do corpo numa competição. Os amigos e conhecidos darão entrevistas tentando explicar e dando o maior apoio. Enfim, uma novela será montada. Do outro lado, surge o grande dragão da maldade, no melhor estilo dos filmes de luta livre com Van Damme: o americano! Imediatamente a alma brasileira vira seus olhos para o novo salvador: o santo guerreiro Vítor Belfort. O santo guerreiro que empunha a lança e o escudo divino irá derrotar o dragão da maldade e redimirá o mártir da perna fraturada. E assim, mais uma vez sustentaremos a vaidade e o orgulho de sermos brasileiros, a vaidade e o orgulho de que não podemos ser derrotados nos esportes, não podemos ver nossos heróis serem derrotados para os heróis dos outros. Mas, o problema todo é só um: aceitar a derrota! Aceitar a derrota (ou qualquer outra coisa que nos acontecer) é a verdadeira maneira para nos desapegarmos do ego e nos levantarmos para uma nova estrada na vida. Aceitação é um passo para a gratidão e para a compaixão, nunca para o orgulho, a vaidade e coisas do tipo. Anderson Silva perdeu uma boa chance para mostrar que o verdadeiro herói não é o que aceita a provocação, mas o que reconhece a derrota. O povo brasileiro, em particular, deveria aprender esta lição, para não ver sua perna fraturada. Apesar de tudo, eu espero que Anderson Silva se recupere da melhor maneira possível, mas espero, também, que os vírus da vaidade, da soberba e do orgulho (e a pressão dos patrocinadores) não o ataquem mais.
 
 

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