Brasil! Meu Brasil brasileiro...
por Marco Antonio H. de Menezes
Neste dia 20 de março de 2020 inicia-se o novo ano astrológico, o ano regido pelo Sol dentro do grande ciclo de 36 anos de Saturno. Ou seja, tá na hora de valorizar o que você é e começar a se cuidar melhor, cuidar melhor da tua vida, cuidar melhor dos teus interesses, repensar a tua vida, determinar os teus verdadeiros limites, perceber o que te restringe e quais obstáculos andam sendo evitados por ti. O olho se volta para dentro e percebe o que é possível colher, o que foi plantado, o que precisa ser descartado, o que pode ser aproveitado, o que pode ser enterrado para sempre. Logicamente, estou dando uma visão reduzida e resumida do valor que um ano de Sol possui dentro do grande ciclo de Saturno.
Mas
e o Brasil, heim?!
Como
fica este país daqui para frente? O que a combinação do mapa da independência
do Brasil (que eu uso para representar o Brasil e é o de 16:30, com Ascendente
em Aquário) com o mapa do ano novo astrológico traz para nós, os brasileiros?
Eu
fiz uma combinação dos dois mapas e criei um mapa de pontos médios. Acho que
não é usual fazer tal coisa em Astrologia, mas me deu vontade e fiz. E a partir
disso, dei a minha livre interpretação ao que vi.
Sigamos
adiante!
Temos
um mapa com o Ascendente em Aquário. Netuno (bem encostado na linha do
Ascendente), o asteroide Ceres e Plutão encontram-se em Aquário na primeira
casa. Netuno na primeira casa e encostado na cúspide do Ascendente não me
oferece outra visão senão dificuldade para expressar a sua verdadeira faceta.
Há uma luta para renovar-se, para rever suas ilusões, para superar o véu dos
seus devaneios, para começar a formular um futuro possível. Pode-se dizer que o
país poderá passar por um período de redirecionamento e de construção do seu
futuro, mas não se enganem, isto não acontece de maneira rápida e nem dá para
dizer em que ano isto se concluirá, pois é um processo de despertar, de assumir
uma identidade mais em acordo com os novos tempos, e isto envolve lidar com o
inconsciente coletivo, uma massa aparentemente disforme que aguarda ansiosa
pelo momento do início da formatação. Ceres e Plutão remetem aos tempos
mitológicos. Ceres ou Deméter foi a deusa que enlouqueceu ao saber que sua
filha, Perséfone, havia sumido. Depois de algum tempo, descobre que ela havia
sido raptada por Hades ou Plutão, o deus das profundezas. Foi preciso fazer um
acordo, onde Hades ficaria 6 meses com Perséfone e depois Perséfone ficaria 6 meses
com sua mãe. Os meses com Hades representariam o outono e o inverno e os meses
com Deméter representariam a primavera e o verão.
Bem,
boa parte do Brasil fica no hemisfério Sul, logo estamos iniciando o período
onde Plutão e Perséfone ficam juntos. Ao ver Ceres e Plutão juntos no mapa e na
primeira casa, vemos que um acordo precisa ser desenhado. É hora de encararmos
a nossa escuridão, precisamos de um período de interiorização, de reflexão, de
transmutação, antes de podermos ver as sementes germinarem e darem suas
primeiras flores e, posteriormente, os seus primeiros frutos. Ou seja, esta
primeira casa mostra que estamos num tempo de germinação de um futuro, tudo
ainda é incerto, muito pouco definido e exigirá muita atenção e cuidado até que
algo mais claro dê o primeiro ar de sua graça.
A
segunda casa mergulha em Peixes e abre com Urano, seguido do asteroide Vesta, e
dos planetas Saturno e Júpiter, todos em Peixes. Urano em Peixes nesta segunda
casa parece um ser tentando catar os cacos do espelho para encontrar uma
imagem, algo que dê segurança e certeza. Urano está lidando com as ilusões
piscianas, está tentando estilhaçar as ilusões e remontar os cacos para que
eles assumam uma imagem mais nítida, mais dinâmica, mais revolucionária, mais
em acordo com o momento presente. Urano dialoga com Netuno que está primeira
casa, afinal, Urano rege Aquário e Netuno rege Peixes, e um está no signo que é
regido pelo outro. Há uma relação mútua. Urano tenta ajudar Netuno a se definir
e a gerar uma nova imagem de si. Urano clama pela formação de uma identidade,
ele tenta acelerar este processo, mas o terreno não é fácil, é emocional, é
muito pouco lógico, portanto tudo precisa ser feito de maneira cuidadosa, cada
caco precisa ser remontado de maneira a fazer sentido para todos, ele precisa
tornar-se um espelho de uma nova percepção de vida, de país, de nação. Tudo o
que representa a segunda casa (o dinheiro, os valores e aquilo que traz
segurança, por exemplo) precisa passar por uma mudança completa. Não vai dar
mais para seguir adiante carregando as velhas maneiras de lidar com os assuntos
desta casa, mas há muita confusão, há muita incerteza, tudo vira areia,
surpresas acontecem, umas serão boas e outras nem tanto, é preferível evitar o
medo de aventurar-se por terrenos novos e desconhecidos. Na verdade, Urano
cobra o desapego como forma de acelerar o contato com o futuro.
Vesta
chega mostrando que está na hora de sacrificar algo. O dinheiro não chega
fácil, o trabalho sobrecarrega, mas há uma preocupação em desenvolver uma
postura de apego às posses o que pode ser desafiado pela dificuldade para
desenvolver uma visão mais elevada sobre os verdadeiros valores a serem
cultivados e que podem trazer a verdadeira segurança a todos. Alguém precisa
ser o bode expiatório, alguém precisa ser colocado na pira sacerdotal e servir
como sacrifício, pois, quem sabe assim, tudo muda para melhor, as coisas ficam
mais seguras... Será? Quem se prontificaria a ser sacrificado?
E
aí encontramos Saturno em Peixes. O regente tradicional de Aquário encontra-se
perdido dentro do meio aquático. Ele não é um planeta muito ligado ao meio
aquático. Ele se dá bem com Libra, com Capricórnio e com Aquário. Aqui ele está
mal das pernas, mas está, como Urano, em recepção mútua com Netuno, que está em
Aquário. Há uma troca entre os dois planetas. Sendo que há mais uma coisa: como
Saturno é o regente tradicional de Aquário e no mapa da independência que uso
o Ascendente também é Aquário, podemos dizer que Saturno encarna o povo (numa
visão tradicional da leitura de um país através do mapa, alguns astrólogos
consideram que a Lua encarna o povo independente do Ascendente, outros
astrólogos consideram o signo que rege o Ascendente). Saturno mostra que o povo
está perdido em meio a ilusões, não sabe o que vai construir, não sabe o que
pode realmente dar segurança, não sabe como lidar com o dinheiro, não sabe como
lidar com as posses, não sabe como reivindicar os seus direitos e a sua
segurança, sente-se com medo, não sabe até onde pode arriscar, não sabe
diferenciar o falso do verdadeiro. Que tipo de limite é possível ser traçado
quando nem sabemos o tamanho de nossa força, quando não sabemos controlar
nossas emoções, quando deixamos que o emocionalismo dirija as nossas intenções
e dirija, também, o que desejamos construir, quando nos deixamos levar pelo
momento e não pela sensatez? Netuno pode trazer um alento para Saturno,
mostrando que é preciso construir algo com valor mais elevado, mas deve tomar
cuidado para não se deixar levar pelo fanatismo, pelo rancor exacerbado, pela
emoções desprovidas de contato com a realidade. Netuno, logo ele, pede
distanciamento dos fatos para observar antes de agir e de construir algo. Se
Saturno aprende esta lição, ele se sente mais calmo para lidar com aquele meio
tão aquático. Saturno precisa aprende a lidar com os limites, precisa aprender
a desenhar uma visão mais equilibrada, caso contrário ele estará sempre
escorregando no limo da intolerância, no limo da falta de cuidado para com os
detalhes, no limo do desperdício de oportunidades por medo de arriscar, no limo
do silêncio por medo de ser mal interpretado, no limo da omissão por achar que
é melhor delegar poderes a quem parece mais capaz, mesmo não o sendo.
Mas
aí vem Júpiter...
Júpiter
rege Peixes e mostra que é possível construir algo, expandir os territórios,
ultrapassar os limites e dobrar a confiança. Mas sabe como é: Júpiter não
entende muito de limites, como é o caso de Saturno. Júpiter entende de expansão.
Júpiter entende de leis, entende de religião e entende de espiritualidade.
Novas leis precisam ser criadas? Estamos sabendo interpretar bem as leis? Até
que ponto a religião está a serviço da espiritualidade mais elevada? O contato
com conceitos mais elevados da vida pode ajudar a construir uma nação mais
segura, mais sólida, que de fato represente a vontade do povo, ou está a
serviço de uns poucos, de uma gente que nem mesmo vive no país? Júpiter
adiciona expansão como forma de adquirir dinheiro e segurança para o povo ou
para enriquecer uns poucos?
Esta
segunda casa mostra que está em formação os limites mais elevados deste povo,
limites ainda pouco explorados, mas isto pode representar um período de perdas,
de sacrifícios, de mudanças repentinas, de omissões e de dificuldade para lidar
com a realidade de um ponto de vista mais frio e racional. O dinheiro pode
chegar na mesma velocidade que sai, dando uma falsa impressão de lucratividade,
as perdas podem ser maiores, mas camufladas por uma visão de falsa modernidade
escondida por um verniz de discurso expansionista e ufanista, porém pouco
relacionado com a realidade e com as vozes daqueles que realmente precisavam
ser ouvidos. Definir limites não será fácil, mas será necessário,
principalmente quando perceberem que os sacrifícios não trouxeram os frutos
prometidos na quantidade mais do que esperada.
A
terceira casa traz Quíron, Lua e Nodo Norte da Lua em Áries. O passado condena!
Hora de encarar a realidade e curá-la. Isto pode ter ares de revolta, de
discursos inflamados, de trocas de farpas, de dificuldade para manter o
discurso com os ânimos calmos. A Lua, outra representante do povo, mostra que
as revoltas podem estourar. O sentimento é de querer responsabilizar, de querer
tirar satisfação, de criar clima tenso, de deixar as emoções subirem à cabeça.
Nada será simples, os acordos não serão fáceis. Há uma constante necessidade de
curar velhas feridas que doem muito, que estão dilacerando a pele, que
dificultam o entendimento entre as partes. Há divisão, mas há um passado
cobrando que esta é a hora de corrigir velhos erros, velhas posturas, velhas
tendências e velhas feridas. Tudo precisa ser resolvido e encarado com
urgência, com um murro na ponta da faca. Não haverá descanso até que tudo fique
arrumado e traga calma. Há um clima de basta! Haverá cobrança por atitudes
reais em lugar de discursos vazios. A revolta pode nascer da ausência efetiva
de resposta adequada aos problemas que possam aparecer. As pessoas podem
começar a perceber que o apoio a certas ações passadas comprometeu de maneira perigosa
a solução dos problemas do presente. Ganha quem souber responder corretamente
às reivindicações, não importa quem seja!
Entre
a quarta e a quinta casa aparecem Vertex (em Gêmeos, na quarta casa), o Sol (em
Gêmeos na quinta casa) e Vênus (em Câncer na quinta casa). Então brotam muitas
ideias, muitas trocas e muitas conversas. Tudo pode ser mudado de uma hora para
outra ao sabor das convenções vigentes. Nada fica certo, mas que mal há? O
brilho está em falar, em estimular as mentes, em criar um clima mais criativo,
embora haja flutuações de humor, nem tudo o que se fala hoje pode ser falado
amanhã. Mas é um momento criativo, um momento de doação, de sacrifícios, de
tentativas de dar mais apoio, de colo, de busca de uma visão mais calma, por
vezes conservadora, mais família, mais comprometida com o bem-estar.
Repentinamente as pessoas passam a dar mais importância ao país do que de
costume, há uma tentativa de resgatar uma noção de nação, uma união pode ser
possível em torno de um evento que exija maior cuidado e atenção de todos. As
pessoas redescobrem o prazer de usar a casa. A casa e a família passam a
assumir uma importância maior e tudo pode ser redefinido a partir daí. Os
discursos desencontrados podem começar a encontrar fluxos mais claros, mais criativos,
mesmo em meio a restrições. Bom momento para cuidar de si, para melhorar o
contato com a espiritualidade, com a intelectualidade, com a criatividade, para
descobrir o que realmente tem maior peso na vida individual.
Na
sétima casa e em Leão encontramos o asteroide Juno, mostrando claramente que o
poder pode mudar. Quem estava nas sombras pode assumir a frente de tudo, com
muita força, com muita decisão, com muito apoio poderoso, mas deve tomar
cuidado, porque embora tenha apoio, é frágil, não possui o carisma necessário,
terá que se apoiar nas decisões para poder enfrentar os questionamentos ao seu
poder. Não significa que será bom ou
ruim, mas pode ser necessário para o momento.
Décima
primeira casa com Marte, Mercúrio e Terra em Sagitário. O poder autoritário
pode ganhar terreno. Se não souberem argumentar, o poder autoritário engole. Já
está tudo pronto, basta apenas um estopim, uma desculpa, o parlamento sem poder
de argumentação, com dificuldade de fazer-se articulado o bastante para
enfrentar as pressões contrárias. Tudo pode parecer apenas uma decisão de
momento, mas pode ser apenas a oportunidade certa para instalar um modelo que
estava sendo montado e acalentado com muito cuidado e critério.
Por
fim, a décima segunda casa. Parte-da-Fortuna, Lilith e o asteroide Pallas em
Capricórnio. Não esperem soluções imediatas. Não confundam ações e atitudes
comandadas pelo emocionalismo e pelo oportunismo com ações e atitudes
comandadas por discussões que avançam lentamente até que se encontre o caminho
do meio. O país estará vivendo sob um momento onde tudo o que parecia sólido se
desfaz no ar, ou melhor, desaba ruidosamente. Serão muitos escombros, muitas
dores, muitas perdas, mas também sobram oportunidades para recomeçar, para
rever os caminhos que levaram a tantos erros. Antes de criar algo será preciso
analisar, ponderar, gerar uma visão mais sólida sobre o futuro. E isto não será
rápido! Será lento! Pode levar anos! Dependerá do tamanho do esforço que se
queira empregar para construir uma nova sociedade. O sentimento de
aprisionamento, de sufoco, de perda de liberdade, de injustiça e de omissão
pode ser sentido de maneira muito intensa. Pode ser árduo atravessar os vários
meandros (como o sentimento de revolta, a dificuldade para confiar de novo, o
caminho para reconstruir a noção de nação e para criar uma identidade de país)
antes de se erguerem estruturas sólidas o suficiente. O espírito de luta será
reforçado pela persistência.
Bom, esta é uma visão muito minha e específica do país. A energia que sinto do
país, com a entrada neste novo ano astrológico, é que há muito a se fazer para
que tenhamos uma nação forte e capaz. Neste momento, ainda estamos tentando
destrinchar o que fazer. É um momento difícil porque estamos sem uma noção
clara de identidade. E tudo o que vai acontecer ao longo deste ano pode ser útil
para que comecemos a dar forma a esta identidade. Pode ser que seja um ano
marcado por revoltas e por fechamento de regime. Pode ser que precisemos de
momentos mais dolorosos para que despertemos a certeza de que os caminhos aos
quais estávamos apegados já não nos servem mais. Mas pode ser, também, um momento
em que desatamos definitivamente a mordaça que nos impede de falarmos o que
realmente queremos (no mapa da Independência, Saturno aparece na terceira casa,
o que significa que o povo está sempre com a boca fechada, quase nunca é
ouvido, sofre abusos calado).
Ninguém
tem uma solução perfeita, mas a coletividade possui o direito de errar e
acertar, de começar a entender que certos caminhos não devolvem para ela o que
prometem.
Mas
fiquem com uma certeza, qualquer que seja a resposta que encontremos, ela
norteará a construção do nosso futuro, gostemos ou não. O importante é que se
entenda que este é um bom momento para que o povo perceba que esta é a ocasião
certa para que ele decida o que deve ser feito e em acordo com as suas
necessidades e não em acordo com os interesses de grupos específicos que não
estão alinhados com os interesses locais. Isto é muito difícil de ser feito,
mas estamos com tudo o que precisamos, nas mãos, para dar início a isto ou
então aguentaremos mais um período de abusos e omissões.
Espero
que tenha sido útil com esta interpretação!
Marco, querido amigo, obrigada por esse esclarecimento, esse estudo, sempre tao serio com seus muitos anos na experiencia da Astrologia! Beijos, Patricia Carlw
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