Júpiter em Câncer (2025) - parte 2
é puro alívio?
Cadê meu chá, bem?!
por Marco Antonio H. de Menezes
Bom, agora, que já foi mostrada a faceta mais estranha deste início de viagem de Júpiter pelo signo de Câncer, vamos ver quais outros proveitos podemos tirar desta passagem jupiteriana.
Vamos começar pelo fato de que Júpiter é um planeta que, astrologicamente descrevendo, amplia os horizontes, expande nossa visão, abre o panorama daquilo que percebemos, além de ser um planeta que traz uma percepção otimista da vida. Tudo pode ser exagerado sob a regência jupiteriana. Só para dar um exemplo, é comum observar o nascimento de crianças com tamanho corporal acima do normal nascerem com Júpiter na primeira casa, principalmente se Júpiter estiver muito próximo da linha do Ascendente. A criança pode ter altura acima do padrão familiar e/ou peso acima do normal. A energia jupiteriana também atrai assuntos como dogmas, leis, religião, viagens, conhecimentos expandidos e estudos acadêmicos mais profundos. É tradicionalmente relacionado com a sorte, com a fortuna, com a prosperidade e com a opulência. O interesse por filosofia, por esportes e por atividades ao ar livre (até mesmo pesca e caça) pode ser trazido por Júpiter. Na mitologia grega, Júpiter (ou Zeus para os gregos) era o rei dos deuses, o senhor dos raios e do trovão. Júpiter era conhecido por ser um grande amante, tendo seduzido muitas mulheres e gerado muitos semideuses, para desespero da deusa Juno (Hera para os gregos), que era sua irmã e esposa. Júpiter flertava tanto com mulheres quanto com homens e Juno se vingava de todos os humanos com quem Júpiter se envolvia, além de perseguir os semideuses que nasciam das traições jupiterianas. Júpiter também era conhecido por destronar seu pai, Saturno (ou Cronos para os gregos), que passou a reger os Campos Elíseos (ou, segundo os romanos, foi viver no Lácio). Júpiter dividia o seu reinado com seus irmãos: Netuno (ou Posídon/Poseidon para os gregos), que regia os mares e Plutão (ou Hades para os gregos), que regia os reinos do submundo.
Júpiter rege o signo de Sagitário e é o regente tradicional do signo de Peixes (que é, atualmente, regido por Netuno), além de ser exaltado em Câncer.
Júpiter rege os quadris, as coxas, o pâncreas, o fígado, sangue arterial, tecidos gordurosos, orelha direita, glicogênio, a testa e os pés.
Quando Júpiter migra para o signo de Câncer, temos uma exacerbação das características cancerianas. Câncer é um signo cardinal ou cardeal que marca o início do solstício do inverno no hemisfério sul e do verão no hemisfério norte, quando o Sol começa a transitar por ele. Câncer é regido pela Lua. É um signo relacionado com a maternidade, com a família, com a nutrição (inclusive emocional), com a digestão (inclusive emocional), com as emoções, com o sonho, com a vida doméstica, com a tenacidade, com o colo, com o aconchego, com a proteção, com o acolhimento, com a memória, com a pátria, com a tradição, com a simpatia, com a sensibilidade, com a intuição, com a mágoa, com a preguiça, com o egoísmo, com a manipulação, com a impressão negativa dos fatos, com a cautela excessiva e até supersticiosa, com o egoísmo, com a defesa excessiva do território, com o medo da perda de controle emocional e físico. Câncer rege o peito, o estômago e os lóbulos superiores do fígado.
Júpiter em Câncer fortalece e expande todas as características do signo descritas acima. Então temos uma fase onde as pessoas podem sentir maior apreço emocional e expressar sentimentos mais profundos por tudo o que as rodeia. Elas podem sentir maior necessidade de colo, de aconchego, de proteção, mas também podem estar mais abertas para oferecer tudo isso aos que as cercam. Ou as pessoas perdem a noção dos limites ou defendem exageradamente os seus limites, em outras palavras, elas podem invadir os limites dos outros, às vezes com a desculpa de ajudar quem, na verdade, nem pediu ajuda ou podem invadir os limites dos outros porque acreditam que possuem carta branca para meteremse e se intrometerem onde quer que desejam. Por outro lado, podem sentir-se atormentadas pelos outros a ponto de acreditarem que as pessoas estão ultrapassando os seus limites, invadindo suas vidas e ameaçando sua privacidade. Podem ir do sonho ao delírio, da timidez à mágoa, do descaso ao ódio e da manipulação à introspecção (e vice-versa para todos os contextos descritos anteriormente) em questão de segundos se sentirem que não são capazes de lidar com o mundo exterior conforme suas impressões pessoais. A docilidade pode ser transformada numa arma, numa forma de dissimular, numa forma de disfarçar e uma forma de manipular tudo ao redor até que tenham tempo para elaborar uma resposta mais adequada ao momento.
Mas Júpiter em Câncer permite-nos perceber o valor de nossas raízes familiares e espirituais de maneira mais profunda, e, graças a isso, podemos entender melhor o contexto emocional que gerou uma situação ou um comportamento de uma pessoa, além de permitir que nos entendamos melhor com nossas próprias características e heranças emocionais e psíquicas. Pode ser um bom momento para curar feridas emocionais, para restaurar o contato com certos padrões familiares e com certos membros da família e para entendermos o valor que devemos enviar para a família que estejamos construindo neste momento. Podemos abrir mão de certos padrões para podermos valorizar percepções e ações mais otimistas e integrativas. As relações espirituais e até mesmo com os amigos e membros do ambiente de trabalho podem ser impactadas por tais aprofundamentos emocionais, despertando gatilhos e ajudando a perceber o que de fato nutre e o que não nos nutre mais em termos relacionais. Pode ser que os aspectos mais intuitivos de nossa natureza aflorem com maior força, forçando-nos a procurar ajudas ou a procurar lugares que correspondam às emergências espirituais que ocorram durante este período. Podemos mudar de religião, podemos abrir mão de nossas identidades espirituais até aqui cultuadas, podemos simplesmente aprofundar o nosso contato com aquilo que é sagrado dentro da espiritualidade que estejamos praticando e podemos ficar religiosamente e espiritualmente intolerantes e preconceituosos, até mesmo dogmáticos.
Neste momento, podemos valorizar mais as tradições, a ancestralidade, o culto aos valores mais familiares e mais profundos de nossa linhagem pessoal. Podemos estar mais abertos às memórias, aos discursos, às reuniões, aos padrões que a família possui, olhando para tudo com muito mais interesse, como se compreendêssemos a importância de passar para o futuro algo que seja mais duradouro, mais sagrado, mais marcante e mais representativo da família de onde viemos. Podemos ficar exageradamente preconceituosos ou refratários a todos os que não compartilham conosco dos mesmos valores, podendo criar uma postura mais agressiva e mais hostil a quem consideramos que coloca em risco tudo aquilo que começamos a valorizar. Podemos defender leis mais coercitivas, podemos apreciar conceitos mais elitistas, podemos desconsiderar de forma seca e cruel tudo o que afronta os nossos valores.
Júpiter em Câncer pode fazer com que discutamos mais o papel da mulher e da maternidade dentro da sociedade. Pode ser um momento de avanços nas discussões que envolvem a participação da mulher nos diversos setores da vida e pode ser que tenhamos que levantar bandeiras em prol da proteção e da dignidade das mulheres. Temas mais sensíveis como aborto, estupro, feminismo e identidade sexual podem ser aprofundados tanto para abrir portas e criar leis mais progressivas como podem ser alvo de leis mais conservadoras.
Assuntos relacionados com a defesa de territórios, delimitação de fronteiras e discussões sobre cidadania e soberania podem tomar conta do noticiário e da mente das pessoas. Talvez sejam elaboradas leis que redefinam tais assuntos ou sejam tomadas providências que favoreçam aos interesses que sejam mais encorajados pela sociedade. Quanto mais conservadora for uma sociedade, menores são as chances de serem criadas condições que permitam um diálogo positivo, pois o dogmatismo, o patriotismo e o nacionalismo podem tender para uma visão inflexível e intolerante, por vezes até mesmo insensível. Um cenário como este pode gerar guerras e conflitos territoriais ainda mais nefastos se fugirem do controle e forem empacotados com um discurso emocional e religiosamente apelativo.
Pode ser um período marcado por viagens, por mudanças de residência e até de nacionalidade, mas num nível acima do normal. É como se as pessoas estivessem sendo forçadas a buscar por suas verdadeiras raízes, por aqueles lugares que melhor representem suas energias, que nutram suas almas e seus anseios. Por outro lado, as pessoas podem ser forçadas a abandonar tudo o que haviam criado, tudo o que haviam herdado e tudo o que sua ancestralidade havia cultivado e construído, seja este abandono causado por uma guerra, por uma lei arbitrária, por doenças endêmicas, por questões climáticas ou por questões políticas, por exemplo. O êxodo pode ser bem maior do que o normal neste período.
As pessoas devem se precaver contra os apegos emocionais, contra os apelos excessivamente nostálgicos e contra as falsas impressões de que o passado é muito melhor do que o presente, o que pode gerar escapismos, modismos depreciativos, introspecção exagerada, postura refratária a tudo o que está sendo apresentado e negação da possibilidade de abrir-se para a apreciação do momento presente. Uma coisa é perceber que certas questões nada agregam à sociedade e outra coisa é conceber rótulos e julgamentos antes mesmo de conhecer algo. Uma coisa é a pessoa precisar desintoxicar-se de certos padrões e outra coisa é querer o isolamento gratuito e preconceituoso.
Em termos acadêmicos, este pode ser um bom momento para ser dada a devida importância às memórias de um país, às discussões que possam instruir melhor e informar melhor a população dos valores que foram construídos e o quanto tais valores facilitam ou dificultam o desenvolvimento da cidadania e do apreço pela pátria e por suas instituições. Em lugar de alimentarmos discursos recheados de ódio e de desinformação, deveríamos ter maior acesso a fóruns e discussões populares, públicas e abertas que remetam a mentalidade da população àquilo que foi conquistado, como foi conquistado, o que estava, realmente, por trás de cada conquista e quem realmente escreveu e foi importante para tais construções de narrativas. Este pode ser o momento para que o povo, de certos países e de certas regiões, entenda o quanto ele foi, ou não, desprezado ou sujeitado a elites econômicas e sociais governantes.
O lado mais fantástico que Júpiter pode evidenciar enquanto estiver em Câncer é o resgate da memória de valores que permitam o diálogo e das energias que facilitam a troca entre os diversos segmentos da sociedade, independentemente de suas diferenças. Pode ser um bom momento para trazer de volta caminhos que permitam a dissolução de padrões que premiam o ódio, o rancor e a mágoa. Este pode ser um bom momento para discutirmos ou encontrarmos condições para entendermos melhor as diferenças. Em lugar de ficarmos apenas apontando as partes mais frágeis e vulneráveis daquilo que não consideramos o espelho de quem aparentemente acreditamos que nós sejamos e que devemos defender, precisamos voltar a discutir e a dialogar e entender as contribuições que pontos de vista diferentes podem trazer. Pode não ser algo fácil para a sociedade, principalmente se ela se apegar a valores tradicionalistas e conservadores.
O amor deveria ser mais valorizado nesta fase com Câncer sob a luz de Júpiter. Poderia ser um bom momento para olharmos o mundo com menos preconceito, com menos visão negativa, com menos defesa excessiva de nossas fronteiras, mas com mais respeito pelas diferenças, com mais respeito pelo fato de que vivemos sobre uma bola que é finita em seu tamanho e recursos. O fato de haver pessoas que estão desabrigadas, com fome, passando necessidades, sendo tratadas como lixo, enxotadas como latas velhas e inúteis, deveria ser usado como uma forma de unir as pessoas e de entender que todo mundo tem o direito à proteção, ao bem-estar, à nutrição, ao amor, a um lar e a uma vida decente, por exemplo. E tudo isso é muito relacionado com o signo de Câncer, como vimos lá no início deste artigo, agora imagine isto sendo expandido com a energia de Júpiter e posto em prática.
De qualquer maneira, os períodos de Júpiter em Câncer são sempre marcados por uma revisão histórica importante para a sociedade, muitas vezes de maneira impactante, como a queda do muro de Berlim, o ataque às torres gêmeas, os movimentos que varreram o mundo entre 2012 e 2013 (incluindo aquele que derrubaria o governo da Dilma). O fato de este período ser ou não positivo fica sempre a cargo de quem o vive, de quem realmente se empenha por colocar em andamento as suas convicções, meu caro viajante das estrelas.
Eu desejo a todos uma excelente jornada de Júpiter em Câncer, apesar dos pesares. Nada é perfeito, mas nada é impossível de ser melhorado, né mesmo?!
Bom, pelo menos temos até a madrugada de 20 de junho de 2026 para fazer algo...
Inté!!
Ahhh! Tomem cuidado com azia, má digestão, flatulências, obesidade e problemas relacionados com a ingestão de tudo o que for ruim para a circulação (principalmente para as partes do quadril para baixo), ok?
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