Sobre Marco Menezes

Trabalho, basicamente, com Tarot, Reiki, Numerologia e Astrologia. Sou formado em Farmácia pela UFRJ e lido com óleos essenciais, participei de workshops de florais com os principais co-criadores. Atualmente atendo somente online: via Telegram ou Skype. Este blog é apenas uma maneira de ver o mundo que nos cerca, com todas as nuances que for possível vê-lo. Sinta-se à vontade, mas respeite o espaço! ;)

30 janeiro 2015

Pato borrado na lama ou a crise hídrica

Quando eu era estudante na Faculdade de Farmácia da UFRJ, tive a grata surpresa de ter aula com um professor que era uma figura, mas era também uma pessoa com um conhecimento profundo sobre a área que atuava: professor Maulori Curié Cabral. Era final da década de 80 e a dengue ainda era uma doença que estava começando a ser falada, mas ele foi direto e claro sobre os problemas que teríamos aqui no Brasil (inclusive metia o pau no Burle Marx por incentivar o plantio de bromélias, que, segundo ele, só piorava a disseminação da doença) com o avanço da doença e falava que o ciclo final da doença seria a morte. Ele desenhava até um caixão, para dar um ar mais dramático ao seu jeito eloquente de falar. Naquela época ninguém conhecia a dengue hemorrágica e ele alertou sobre ela e o quanto ela seria nefasta para uma população que não tinha acesso às informações e à Saúde Pública. Ele se baseava no que aconteceu (se não estou enganado!) em Cuba, como sendo um local onde a epidemia de dengue trouxe problemas. Tempos depois eu veria isto tudo acontecer no Brasil, inclusive as mortes por dengue hemorrágica. Veja, a epidemis teve no início do século XXI o seu auge e ele estava falando isso no final da década de 80. Em outras palavras, apesar de todos os ministros e secretários estaduais e municipais da Saúde, o Brasil não soube lidar com algo que era previsível. As campanhas preferiram focar em colocar a culpa na população e no vizinho, mas esqueceu de avisar que o governo foi lento para tomar as medidas cabíveis que evitariam toda a dor que a doença causaria às famílias.
Este preâmbulo sobre a dengue é só para entrar num assunto que está mexendo com as regiões Sudeste e Centro-Oeste: falta de água e, possível falta de luz! Vamos lá, em primeiro lugar, já se sabia que os mananciais estavam secando não é de hoje. Em segundo lugar, já se sabia que os mananciais apresentavam problemas por conta da poluição. Em outras palavras, as empresas responsáveis pelo abastecimento das cidades e os governos federal, estadual e municipal sabiam que iriam enfrentar problemas mais adiante. Junte-se a isso a irresponsabilidade dos produtores rurais por não cuidar das nascentes e dos afluentes, sendo que uma parte deles se esforçou para que leis mais brandas fossem aprovadas isentando-os da responsabilidade de cuidados que seriam importantes para a preservação de áreas de nascentes e de beira de afluentes. Junte-se mais ainda: os governos estaduais e municipais, sabendo do que viria, promoveram a venda da imagem de seus estados como locais onde as empresas poderiam usar a água sem se preocupar. Bom, o resultado final destas e de outras trapalhadas é que, agora, as empresas e produtores rurais ficarão impedidos de crescerem e de programarem o futuro, porque a água será cortada para eles em favor da população (bem, é o que dizem!). A população será condenada a pagar preços altos e multas pelo uso incorreto da água e, continuando este quadro, terá que decidir se toma água e lava o corpo ou tem o que comer e se vestir (por exemplo!), porque a produção dos bens de consumo será comprometida e encarecerá (o mesmo ocorrerá com o consumo de eletricidade!). O mais nefasto de tudo isso é que quem já não tinha água continuará a não ter, pois é mais fácil para uma empresa do que para uma pessoa física obter água. E se há tantos outros problemas que virão pela frente, caso não mude o quadro, a pior coisa é saber que cada cidadão será culpado por tudo o que aconteceu. basta dar uma olhada nos jornais e ouvir as palavras que são ditas, sobre o assunto, nas mídias e percebe-se que logo fica bem destacado o termo "será multado". Em outras palavras, a população já é considerada previamente uma infratora, assim como o são os motoristas que dirigem em alta velocidade, embriagados, drogados, um assaltante, um assassino e tantos outros. A população vai pagar o pato morto de sede pelo que não fez, afinal, a água e a eletricidade são consideradas coisas indissociávies das atividades diárias, mas agora o seu uso é rotulado como tendo que ser consciente e sustentável. 
Mas quem incentivou o consumo? 
Mas quem disse que estava tudo bem? 
Quem não fez bem antes uma campanha realmente forte pelo consumo adequado de luz é água? 
Quem estava bem informado sobre o que iria acontecer: o governo ou a população? 
Quem não fez o dever de casa: o governo ou a população? Quem não cuidou dos mananciais: o governo ou a população (neste caso, vamos aceitar que ambos!)? 
Quem, estando com todas as informações nas mãos, não deu a mínima: o governo ou a população? 
E quer saber? Caberia à população mover uma ação contra a União pela incompetência generalizada na gestão dos chamados recursos hídricos. E não só contra ela, mas contra os governos estaduais e municipais, que foram incompetentes em fazer o mínimo que se espera para garantir aos diversos setores as condições básicas para existirem. 
Sim, a população vai ter que se virar para economizar e sim, a população será multada por gastar indevidamente. Mas a população não foi corretamente informada e nem foi corretamente orientada a fazer a sua parte. Não confundam campanhas erráticas veiculadas nas emissoras de rádio e televisão com ações afirmativas e realmente orientadoras, afinal, boa parte da população acredita que está tudo bem e que nada vai afetá-la. Se uma campanha nacional estivesse sendo feita desde anos atrás, muita coisa teria mudado, desde as nascentes dos rios até o consumidor final e, talvez hoje, só regiões como os desertos seriam caracteristicamente secos. 
Mas prefere-se esconder as cartas na manga até as traças terem ruído tudo e, agora, só nos resta torcer pela água da chuva. 
Santa incompetência!!













VAMOS 

 TORCER

OU SERMOS TORCIDOS?
 

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